O jugo desigual que paralisa o Brasil

"Não lavrarás com boi e jumento juntamente."(Deuteronômio 22:10)
A antiga advertência bíblica continua atual. Ela não trata apenas da agricultura, mas da impossibilidade de produzir bons frutos quando forças opostas são obrigadas a caminhar juntas sem direção comum. No Brasil de hoje, essa imagem se aplica de forma contundente à polarização política que divide o país.
Bolsonaristas e petistas, frequentemente rotulados de maneira pejorativa como gado e jumentos, puxam o arado da nação em sentidos contrários. O resultado é um solo endurecido, improdutivo, onde quase toda a energia nacional é consumida em disputas ideológicas, e não na construção de soluções concretas para os problemas do país.
Enquanto grandes potências investem em porta-aviões, domos de defesa a laser, drones avançados e aeronaves movidas a novas formas de energia, o Brasil permanece preso a uma mentalidade extrativista ultrapassada. Continuamos exportando riquezas em estado bruto, abrindo mão de tecnologia, inovação e soberania econômica, como se o futuro fosse um detalhe secundário.
A radicalização transformou o debate público em uma arena de confrontos. O diálogo cedeu espaço aos gritos, às ofensas e à desumanização do outro. Poucos desejam compreender; muitos querem apenas vencer. Esse "jugo desigual" corrói o tecido social, rompe amizades, enfraquece instituições e paralisa qualquer projeto de desenvolvimento nacional consistente.
Enquanto cada lado se empenha em provar sua força, o Brasil permanece preso no mesmo sulco, exausto e dividido. Romper as bolhas ideológicas e alinhar interesses coletivos parece, para muitos, uma utopia. No entanto, a reconstrução do país passa necessariamente pelo resgate da justiça — cega, equilibrada e imparcial — capaz de restaurar o respeito mútuo e o compromisso com a mesma terra que todos pisam.
Sem isso, continuaremos lavrando em vão.
Geraldo ESTEVÃO
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